Desde quando comecei correr há 7 anos atrás sempre tive vontade de fazer uma maratona, respeitando o processo de evolução na corrida passei por todas as distâncias, quando cheguei nos 21k, a meia maratona, sempre terminei pensando “cara como correr mais 21k, estou podre?!”.
Ai foram 2 tentativas frustradas para fazer os 42k, logo nos treinos, acabava sempre com alguma lesão quando aumentava o volume de corrida e era obrigado a desistir.
Os treinos
Fazer uma maratona não é uma tarefa fácil principalmente pelos treinos, foram 4 meses de dedicação, treinos longos que pareciam não acabar mais, quase todos os finais de semana corria sempre um pouco mais que uma meia maratona eram 21, 24, 28, 30, 32 quilômetros, muita suplementação (virei sommelier de gel de carboidrato), fortalecimento muscular, treinos durante a semana de 10k pra cima não importando o horário e o clima.
Sempre com o apoio da minha esposa, que ficava sozinha nas manhãs dos finais de semana enquanto às 6h estava saindo para fazer treinos e voltaria só as 10h, ela preparava o café logo quando eu chegava e percebia quando era um daqueles dias que eu não aguentava nem andar, e passava o dia todo assistindo Netflix comigo, não que ela não gosta-se , bom teve aqueles finais de semana que mesmo com a perna latejando tive que passear no shopping depois de 30k mas ai é só um detalhe.
A ansiedade
Durante o processo sempre muita tensão, em uma das semana de treino senti uma pontada na coxa direita onde a dor persistiu por quase 2 semanas e a preocupação que aquilo fosse me derrubar aumentava, com o fortalecimento a dor sumiu.
Faltando 2 semanas para a prova, já na etapa de polimento, veio uma gripe acompanhada de dor de garganta, dor de cabeça, coriza e com isso tive que pular treino e o medo de não conseguir aumentou, fiz teste de covid e deu negativo então realmente era uma gripe. E essa gripe persistiu até a semana antes da prova.
Treinei mesmo assim na esperança que ela não fosse tirar meu condicionamento.
A maratona é só o final de um processo longo, doloroso e cansativo, mas aproveitar esse processo é o que faz a maratona ser tão especial, uma experiência pessoal e intransferível.
O dia da prova
Hoje um sonho se realiza foram 42.195m percorridos em uma das maiores maratonas do Brasil a Maratona do Rio.
Um dos dias mais emocionantes que já vivi ao passar pela chegada com o tempo extra oficial de 05:05.
A maratona é dura mesmo depois do km 30 realmente as coisas ficam complicadas, dói mesmo, e dói muito, as câimbras aparecem e o meu ritimo caiu, a prova foi debaixo de chuva, uma pena pois perdi todo o visual do Rio já que tudo estava escondido pela neblina, com o tênis encharcado a única coisa que vinha na cabeça era “essa é a minha maratona e eu não vou desistir” por um lado a chuva trouxe o refresco, e foi assim uma luta ferrenha entre meu corpo e minha cabeça, chegando no final já em estado de pace trotinho porque as coxas pareciam não me pertencer, apareceu um cara que estava na torcida, o cara era tipo um coaching para quem estava ali travando sua batalha e correu do meu lado por uns 50 metros só falando palavras de motivação, “é assim mesmo vai nesse trotinho está vendo aquele pórtico azul ali?! Tá chegando vc agora é maratonista”, ali já não continha a emoção e foi quando percebi que a maratona é a corrida mais emocionante que uma pessoa pode fazer!
Na chegada minha esposa me esperando, emocionada fez todo essa jornada valer a pena!
Agradeço o apoio e torcida da minha esposa Camila Orestes Cah da minha família, dos amigos, agradeço por morar em um lugar privilegiado próximo aos melhores locais de treinos de São Paulo a USP e o Parque Vila Lobos onde foram minha casa nesses últimos meses, o banheiro do parque que o diga .
Por fim e o mais importante agradeço a Deus pela saúde e ter me livrado das lesões.
Agora posso encher o peito e dizer:
EU SOU MARATONISTA!!!!!
Acabei de entrar para o seleto grupo de 0,07% da população mundial que realizou esse feito!
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